O Gestor Ambiental: O ser humano age, a natureza reage

Berma ao sul do Francês após reposição sedimentar

O processo natural que o mar tem para diminuir a ressaca [as pancadas da onda] está sendo afetado pelo homem. Um tipo de poupança que a natureza cria para emergências vem, a cada dia que passa, sendo roubada pelos seres humanos. A berma, nome científico, é a primeira elevação da região do sul pré-litoral, um depósito de sedimentos da praia. "Quando temos as nossas finanças geralmente depositamos uma quantia em uma poupança para em caso de emergência irmos lá e pegar o que precisamos, assim acontece com o mar, a berma é uma poupança para ela", explicou o biólogo Gabriel Le Campion.
O mar (parte da água) é o principal agente de remoção e deposição de sedimentos na praia (parte da areia), sendo a berma o armazém e repositor dos mesmos. Podemos dizer que a berma representa um importante obstáculo contra o avanço das marés, uma barreira natural. Algo criado pela própria natureza é a sabedoria e perfeição do meio ambiente em criar armas para fazer a proteção do homem, porém o próprio ser prejudicado é o que vem destruindo essa arma.
Em diversas áreas do litoral alagoano, mais especificamente em Maceió, a dinâmica de transporte de sedimentos está profundamente alterada, visto que a berma foi impactada ou até mesmo completamente suprimida pela ação humana. Nesses casos, a berma, fenômeno natural, passa a dar lugar a construções como, loteamentos, passarelas, condomínios, bares, entre outros.
A ocupação imobiliária e o turismo desordenado, resultados da falta de planejamento urbano, se tornam os principais responsáveis pela destruição desse importante ecossistema. " O homem é o principal e único responsável por qualquer catástrofe natural, a natureza é sábia e tem tudo de uma forma perfeita, porém o homem vai lá e faz da pior maneira. Quando foram construir a passarela da Jatiúca eu fiz de tudo e avisei que era uma agressão à natureza, mesmo assim a construção tá lá", desabafou Le Campion.
Uma realidade que se repete em todo o litoral brasileiro, em Alagoas, podemos dizer que cerca de 90% estão comprometidos por conta da ocupação e atuação humana nas áreas que deveriam ser preservadas. De acordo com especialista, diante dos motivos apresentados, faz-se necessário medidas urgentes para um replanejamento no que diz respeito a todas atividades ocorridas na região litorânea, para minimizar os impactos ambientais e garantia da preservação da berma e consequentemente de todo ecossistema litorâneo.
De forma mais popular
Para evitar ressacas e quebrar a velocidade das ondas, o mar precisa acumular sedimentos para amenizar essa ação natural, desta forma, desastres naturais são evitados. A ação do homem é a responsável por todos esses acontecimentos que estão sendo testemunhados por todo o mundo.
Em um processo natural, o mar tem um movimento onde a água fica em corrente e busca a areia. A água vai até a beira da praia busca esses sedimentos e os levam para o fundo para que se possa evitar a ação de invasão ou violência do mar. Para tanto é criada uma reserva de sedimentos, a poupança da natureza, sedimentos como a areia junto à vegetação formam paredões onde na necessidade o mar vai buscá-los, é a berma.
Porém, com o asfalto tomando conta da cidade, de forma irresponsável, ao ir buscar o que é necessário para evitar qualquer tipo de tragédia da natureza o mar encontra construção que são colocadas no lugar da berma, sendo assim o mar não tem o que buscar, começa aí o processo de erosão marítima. Além disso, animais marinhos necessitam da berma para sobreviver, a exemplo da tartaruga que busca na berma o local para desovar.
Conclusão
Com este processo de destruição, logo logo estaremos presenciando a força do mar e não podemos dizer que é uma catástofre natural. A ressaca do mar, a revolta das ondas já são o resultado da ação humana sobre o meio ambiente.
É o homem quem “planeja” o presente e esquece o futuro.